Gêmeas vacinadas pedem exoneração de cargo em Manaus um mês após nomeação; irmãs ainda receberam a segunda dose da vacina

Publicado em: 13/02/2021

                                                      Foto: reprodução

 

Foram exonerados ontem pela prefeitura de Manaus sete médicos investigados pelo Ministério Público do Amazonas por suspeita de furar a fila da vacinação contra a covid-19. A decisão foi publicada no DOM (Diário Oficial do Município).

Entre os nomes, estão as irmãs gêmeas Gabrielle e Isabelle Kirk Maddy Lins, filhas de um empresário do ramo da educação no Amazonas.

A assessoria da Secretaria Municipal de Saúde informou que as exonerações foram “a pedido”, ou seja, solicitadas pelos próprios servidores.

Formadas no ano passado, elas chegaram a publicar que estavam vacinadas nas redes sociais. As duas foram nomeadas entre os dias 18 e 19 de janeiro para trabalhar na área administrativa de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) de Manaus e foram umas das primeiras a serem vacinadas. As irmãs foram contratadas como gerente de projetos, com salário de R$ 8.000.

“Vacinada sim!”, escreveu Isabelle em sua rede social. “Nunca tomei uma vacina tão feliz”, postou Gabrielle.

Da lista de ontem, dois médicos foram considerados exonerados a partir de 1º de fevereiro. Já outros cinco a partir de 4 de fevereiro. Mesmo com o pedido de exoneração, as gêmeas tomaram a segunda dose da vacina na última quarta-feira, dia 10

Quando o caso veio à tona, a prefeitura afirmou que as irmãs estavam na lista de dez médicos recém-nomeados para gerenciar projetos, mas que, diante da necessidade, foram remanejados para a linha de frente. Questionada sobre a situação dos outros três médicos, além dos sete exonerados, a Secretaria Municipal de Saúde não soube informar.

Em nota, assinada por três advogados que representam as gêmeas, foi informado que os dez médicos “optaram por formular pedido de exoneração do cargo”. Segundo a defesa, a situação “ficou insustentável” a partir do momento em que passou a questionar a forma de contratação, o que gerou “um enorme mal-estar e comprometendo o ambiente de trabalho”.

“Diante de outras possibilidades de colocação, não havia porque Gabrielle e Isabelle permanecerem ali com todo o desgaste que se criou, já que, muito longe de qualquer favorecimento, o intuito de todos os médicos era atender o chamado da prefeitura e atuar no combate à pandemia, ajudando a conter a situação de colapso na saúde de Manaus”, complementaram os advogados.

Sobre o fato das gêmeas terem recebido a segunda dose da vacina, a defesa disse que as médicas trabalhavam na linha de frente do combate ao coronavírus e que foram notificadas pelo Portal da Prefeitura para receber o complemento do imunizante.

“Não há ordem judicial que as impedisse de tomar a segunda dose. Pelo contrário, tomar a segunda dose é decorrência e obrigação de quem já recebeu a primeira, pois, do contrário, o imunizante não teria eficácia alguma, inviabilizando, dessa forma, o avanço no programa de vacinação”, observam a defesa das gêmeas.

Os advogados argumentaram que “não houve irregularidade” na aplicação das doses e que os dez médicos não foram considerados fura-filas na representação do Ministério Público encaminhada à Justiça.

A defesa explica ainda que as irmãs decidiram deixar os valores recebidos “consignados em juízo” até que a forma de contratação seja esclarecida pela Justiça. “Isto porque, não aceitaram o cargo por questão financeira ou para obter qualquer beneficio pessoal, mas apenas para exercer a medicina e atuar no combate à crise sanitária sem precedentes que estamos todos vivenciando.”

 

UOL

 




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