Equipe de Lula começa a negociar com caminhoneiros para desarmar “bomba-relógio”
Publicado em: 15/12/2022
Foto: reprodução
O coordenador-geral da transição, Geraldo Alckmin (PSB), teve duas reuniões com integrantes da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), segundo lideranças da categoria.
Enquanto isso, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se reuniu há três semanas com o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o "Chorão", um dos líderes da greve de 2018; e com o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, que também preside o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga (Sindicam) de Ijuí (RS).
A atenção dada pelo governo eleito aos caminhoneiros é estratégica. No fundo, a preocupação que ronda qualquer governante desde a gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) é a de uma greve dos caminhoneiros. A categoria é composta por uma maioria de conservadores que, em grande parte, votaram no presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e 2022.
Até mesmo Bolsonaro lidou com a pressão da categoria ao longo de sua gestão, embora tenha conseguido evitar uma greve. Uma paralisação nacional até chegou a ser iniciada em novembro do ano passado sob a liderança de Chorão, Litti e do presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias, mas foi obstruída por liminares judiciais a pedido do governo federal, que monitorava a convocação, e por não ter tido a adesão da maioria.
Os casos mais próximos de uma manifestação dos caminhoneiros que o país chegou a vivenciar por períodos de ao menos 24 horas foram registrados em 7 de setembro do ano passado, por apoio ao voto impresso, ao governo e por impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e em 30 de outubro deste ano, em oposição ao resultado eleitoral e a favor de Bolsonaro. Esse último levante provocou desabastecimento em supermercados no país.
As duas manifestações aconteceram sem o apoio da maioria dos transportadores, mas foram suficientes para pôs o país em alerta. Lula reconhece a força dos caminhoneiros e até por isso instruiu que seu gabinete de transição iniciasse as conversas com representantes dos transportadores autônomos e celetistas. Ele está disposto a desarmar a bomba-relógio de uma potencial greve e quer evitar a todo o custo os danos econômicos observados em 2018.
Gazeta do Povo
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