Zona Norte mobiliza ação em defesa dos manguezais de Natal
14/10/2025
No último domingo (12), moradores, pescadores, marisqueiras e ativistas socioambientais da Zona Norte de Natal se reuniram em um ato de conscientização e em um mutirão de limpeza no manguezal próximo a Gamboa do Jaguaripe, um dos ecossistemas mais ameaçados da capital potiguar. A iniciativa buscou chamar atenção para a preservação dos manguezais e para os impactos de obras urbanas sobre a vida das comunidades tradicionais.
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O encontro teve caráter educativo e político. Participantes promoveram rodas de conversa sobre consumo consciente, sustentabilidade e os efeitos da degradação ambiental nos rios Potengi e Jaguaribe, além de realizar ações práticas de limpeza no mangue. “Foi um domingo intensamente produtivo. Precisamos perceber que o desmonte ambiental já está acontecendo aqui, na nossa casa, e exige ação imediata”, afirmou um dos organizadores.
A mobilização ocorre em um contexto de tensão, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Jaguaribe, instalada dentro da Zona de Proteção Ambiental (ZPA) número 8, impacta diretamente o trabalho de pescadores e marisqueiras.
Durante o ato, marisqueiras relataram a destruição parcial do manguezal por máquinas e tubulações. Uma delas contou que, desde 1984, trabalhava diariamente na coleta de mariscos e outros recursos do mangue, mas hoje vê seu sustento ameaçado. “Olha a situação que está a maré. Não era desse jeito, gente. Isso é uma barbaridade”.
O manguezal da Zona Norte é vital não apenas para a subsistência das comunidades, mas também para a biodiversidade local e a proteção contra eventos climáticos extremos.
A Caern explicou que a tubulação marrom observada no mangue é provisória e parte do processo de interligação do emissário da ETE ao corpo receptor do efluente tratado. A Companhia afirmou que o terreno será restituído ao nível original e que a obra segue protocolos técnicos e ambientais, estando licenciada pelo Idema, órgão que realiza vistorias periódicas no local.
Apesar da regulamentação, a comunidade critica a falta de diálogo e alerta para os riscos que a obra representa à ZPA 8 e ao modo de vida tradicional. “Não há como falar sobre justiça ambiental e deixar o manguezal fora dessa. Precisamos tomar responsabilidade, independentemente de instituições ou cargos que ocupamos”, afirmou Ta’angahara, coordenador de comunicação do Gamboa do Jaguaribe.
O ato de domingo reforçou que a preservação ambiental vai além de normas e licenças, é uma questão de sobrevivência, justiça e resistência cultural. Ao plantar novas mudas e limpar o mangue, os participantes deixaram claro que defender os ecossistemas costeiros é também defender a vida das pessoas que dependem diretamente deles.
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